"O jumento sempre foi o maior desenvolvimentista do sertão”, já dizia Luiz Gonzaga ao levantar campanha de valorização do fiel ajudante do povo nordestino. No entanto, nem mesmo Gonzaga poderia imaginar que chegaria o dia em que jumento seria sinônimo de “desperdício de espaço”. Tudo isso por ter sido gradativamente destronado do posto de meio de transporte oficial do sertão e pela a falta de atrativos comerciais para a utilização da espécie.
A situação problemática do jumento, com crescente número de abandono e de apreensões pelos estados, culminou no surgimento de uma parceria inusitada entre Brasil e China: o jumento nordestino pode virar item de exportação para a indústria alimentícia chinesa. A parceria entre os países foi firmada mês passado e prevê a venda de 300 mil espécies por ano.
Ativistas dos direitos dos animais denunciam que, além do consumo da carne, os animais também podem ser utilizados em laboratórios da indústria de cosméticos. A União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) iniciou a campanha “O jumento é nosso”, para impedir a concretização do acordo. Segundo Geuza Leitão, presidente da Uipa no Ceará, a iniciativa pretende conscientizar a população e pressionar os políticos, evitando assim a aprovação do acordo no Congresso Nacional. “Não é só matança para consumo. Eles querem fazer experiências para a indústria de cosméticos”, denuncia Leitão.
Conforme o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 194 mil jumentos no Ceará. Deste número, somente cerca de 50 mil estão localizados em propriedades de criação de animais, segundo o cadastro da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), que rastreia a presença de animais para o controle de zoonose.
Fonte: Chavalzada
Fonte: Chavalzada
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